Na outra frente, ele tenta convencer os próprios usuários a se defenderem das demandas incessantes por atenção. Suas sugestões são elementares, mas estímulo o leitor a implementá-las. Primeira: desligar todas as notificações do celular, mas as que são geradas por pessoas reais. Isso significa bloquear alertas disparados de modo automática (entre outros, está nessa ordem o aviso de que uma pessoa "deu um like" em uma artigo sua), autorizando apenas aqueles que indiquem alguém comentando diretamente com você. Segunda: reorganizar a tela inicial do smartphone, deixando explícitos somente aplicativos realmente úteis, como câmera, mapa e calendário. Os além da medida necessitam ser guardados dentro de pastas fora do campo visual. Harris diz que essa medida assistência a reduzir o uso por impulso.
Ele bem como propõe que os aplicativos não sejam abertos a partir de um ícone, no entanto por texto (digitando o nome deles pra acessá-los). Esse gesto levaria a uma transitório reflexão a respeito da inevitabilidade de usar o app naquele momento. Afinal, a dica mais complexo: à noite, carregar o celular fora do quarto. A ideia é refrear o hábito cada vez mais universal de espiar o aparelho posteriormente acordar. Harris ganhou fama com essas recomendações. Apareceu nos principais órgãos de imprensa, e o vídeo de tua exposição pela série TED Talks passou de 1,3 milhão de visualizações. Nada mau para quem quer dissuadir as pessoas de prestar atenção. O confronto de Harris, entretanto, é quixotesco.
Ele progride com suas dicas simplórias contra forças maiores, mais bem organizadas e enraizadas. A expectativa de seu sucesso equivale à de as fitas cassetes voltarem a ser a tecnologia dominante na indústria musical. A atenção humana é hoje território em que se trava intensa competição de colonização. Para captar essa guerra, é preciso examinar as armas empregadas, como faz o americano Nir Eyal, autor do livro "Hooked: How to Build Habit-Forming Products" (fisgado: como elaborar produtos que formam hábitos).
Eyal trabalha na interseção entre a psicologia e a tecnologia. Em teu estudo, ele decupa os elementos que nos levam a ficar fisgados -para não dizer viciados- por definidos produtos da web e argumenta que o design nos torna vítimas indefesas diante de sereias digitais. Após mergulhar em pesquisas neurológicas pioneiras de B.F. Skinner (1904-1990) e B.J. Frogg, ele elaborou um paradigma pra relatar como os dispositivos criados pelas empresas de tecnologia capturam e prendem nossa atenção. Eyal dividiu o sistema em 4 etapas e deu a ele o nome "the hook" ("o gancho").
A primeira é o gatilho: uma notificação no celular, essencialmente sedutora em situações recorrentes no cotidiano, como a tediosa espera por um elevador ou uma frustração no trabalho. Qualquer auxílio para escapar mentalmente do desconforto efêmero será bem recebida. O celular está no bolso; você estica o braço e o apanha. Na tela inicial, dois alertas.
Um informa que você ficou marcado em uma imagem, o outro sinaliza a chegada de uma mensagem de texto. Pode não ser nada, contudo como resistir a um ícone que talvez ofereça um alívio para o anão desconforto dia a dia? Daí a segunda etapa do sistema de Eyal: a ação. Você decide ler a mensagem e encontrar quem marcou você e em que foto. O terceiro componente é a recompensa esporádica. Com Este Aparelho, Você Só Vai Enxergar Tua Série Favorita Se Pedalar , a mensagem será inútil, às vezes será uma novidade na qual você ansiava. Flamengo X Fortaleza Ao Vivo: Como Assistir Pela Tv E Online Neste Sábado, 01/06/2019 , você terá sido marcado na foto de uma promoção comercial, às vezes será uma imagem fantástico de sua infância.
Num dos famosos experimentos que Skinner fez com pombos, os pássaros aprenderam a bater o bico num vidro pra receber comida. Nos casos em que o alimento era distribuído de forma regular, o animal repetia o gesto com moderação. Quando a comida era distribuída de modo aleatória, ele passava a reproduzir o gesto incessantemente. [TÓPICO DEDICADO] - Banda Larga NET Vírtua / Claro - HFC/FIBRA ÓPTICA frenesi é bem exemplificado por uma sessão de quatrorze horas na qual o pombo legitimou o posicionamento oitenta e sete mil vezes. Esse é o mesmo dispositivo que leva ao vício em jogos de azar e que é usado para oferecer a compulsão na internet.
A chave, em todos esses casos, está pela periodicidade imprevisível da recompensa, seja o alimento do pombo, seja o dinheiro no cassino, seja a foto ou a mensagem curioso na rede social. A última etapa descrita por Eyal é o investimento. Quando você chega a esse ponto, de imediato foi fisgado. O investimento ocorre quando o próprio usuário pesquisa fortalecer o círculo. A título de exemplo, falando imagens em mídias sociais com o intuito de ganhar notificações sobre "likes" nelas. Ou melhor, produzindo conteúdos que desencadeiam gatilhos, os quais levam a outras ações, as quais trazem recompensas -mas somente esporadicamente.
A frustração torna-se inevitável. O usuário de mídia social passa a reiniciar compulsivamente um novo momento em pesquisa de resultados melhores. Em novas palavras, sem perceber, estamos dentro de um gigantesco caça-níqueis. Ou, pela metáfora utilizada pelo filósofo Slavoj Zizek, nos tornamos ávidos freguêses de um paradoxal purgante de chocolate.